sexta-feira, 15 de junho de 2007

Joe Berardo lança OPA ao Benfica e comprova vulnerabilidade das SAD portuguesas...


A METALGEST-SGPS, S.A. anunciou a decisão de oferta pública parcial de aquisição de 9.000.001 acções, categoria B, representativas de parte do capital social da Sport Lisboa e Benfica, SAD. A holding de Joe Berardo oferece 3,5 euros por cada uma, o que representa "um prémio de 30,11% em relação à cotação do fecho do dia 14 de Junho de 2007". Desta operação não é objecto "as 6.000.000 acções de categoria A" detidas pelo Sport Lisboa e Benfica. O empresário Joe Berardo já detém 5.291 acções da categoria B da Benfica SAD. O sucesso da oferta fica condicionado à aquisição de pelo menos 50,1 por cento das acções da categoria B emitidas, refere ainda o comunicado enviado pela Metalgest, que tem sede no Funchal e capital social de 51.603.790 euros. As acções começaram a ser negociadas a 22 de Maio, tendo terminado a primeira sessão na Euronext Lisboa nos 4,42 euros, cotação 11,6 por cento inferior ao valor inicial (5 euros).
Esta primeira OPA de um magnata ou grupo financeiro sobre as acções da uma SAD portuguesa colocar em evidência a fragilidade da sua posição nos mercados bolsistas. Se não fossem as restrições legais que garantem aos clubes a manutenção do poder decisório, já há muito que alguns emblemas nacionais teriam sido tomados de assalto sem que os seus associados e adeptos, a razão da sua grandeza e relevância financeira, fossem tido nem achados. Veremos que consequências tem esta iniciativa de Joe Berardo, que se limita a aproveitar um erro estratégico inexplicável do Benfica e de Luís Filipe Vieira. Lançar as acções encarnadas em bolsa numa altura de defeso, sem actividade futebolística nem sequer contratações entusiasmantes para apresentar (Miccoli acabou por não ficar, Zoro e Fábio Coentrão não são propriamente reforços de peso...), só podia dar nisto: queda abrupta do preço dos títulos e fragilidade evidente que permite a Berardo, um conhecido benfiquista, alicerçar uma OPA oferecendo "apenas" 3,5 euros por acção. De facto não dá para perceber o que vai pelas principais cabeças pensantes da Luz...

PS: Marc Zoro anunciou à imprensa do seu país que irá ganhar cerca de 9 milhões de euros nas quatro temporadas em que estará na Luz, verba que comporta salários e prémios de assinatura. "Porquê o Benfica? Bem, era um grande desafio financeiro e desportivo. Estava em fim de contrato com o Messina e mesmo assim vou ganhar com a minha transferência 9 milhões de euros ao longo do contrato", afirmou o jogador costa-marfinense referindo que lhe garantiram um lugar de titular: “Recusei Bayern de Munique, Juventus e a Fiorentina porque o Benfica me garantiu um lugar de titular. Queria experimentar outro campeonato que não o calcio e Portugal pareceu-me a melhor opção.”
Então é assim: mesmo acreditando que o prémio de assinatura não tenha sido superior a 1 milhão de euros, isto significa que Marc Zoro vai ganhar pelo menos 400 mil contos por época no Benfica, o que lhe assegura um salário a rondar os 33 mil contos por mês. Quanto à prometida titularidade, não sei se alguém avisou disso o engenheiro Fernando Santos, ou o que acham dessa promessa os seus companheiros da defesa. Um bom balneário à vista na Luz para 2007/08.

1 Comment:

R. Spitz said...

De tudo o que li e ouvi nos últimos dias, cheguei à seguinte conclusão: a OPA lançada pelo Joe Berardo, sobre 9 milhões de acções da Categoria B da Benfica SAD é uma espécie de Contra-OPA. Explico, segundo consta estava em preparação uma OPA a lançar, (no que me é dado a entender) pela Olivedesportos(?). Também pelo que li e ouvi, a mesma Olivedesportos(?) estaria a manipular as cotações de forma a lançar a dita OPA por um valor próximo dos 2.5 euros. Assim, a OPA do Berardo foi concertada com L.F. Vieira de forma a travar os intentos do Joaquim Oliveira. Só ainda não entendi de que lado está a iniciativa. Foi o L.F.Vieira quem pediu ajuda a Berardo, ou Berardo que veio em socorro de Vieira? O futuro encarregar-se-à de fazer luz sobre este assunto, mas uma coisa é certa, a proposta da criação de um fundo com um valor entre os 50 e os 100 milhões de euros para «ajudar a financiar o Benfica» pretende não deixar margem de manobra a quem intente no futuro assaltar o clube por via de uma OPA.

 
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